segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Matéria do Correio Brasiliense - Caderno Emprego e Formação Profissional (04/10/2009)

Entre os preferenciais



Modernização nos supermercados mudou o perfil dos profissionais contratados. Agora, para atuar no setor, é preciso ser ágil e entender a fundo as novas tecnologiasElio Rizzo/Esp. CB/D.A Press




Com a chegada de códigos de barra, leitores ópticos, compras online, estoques informatizados e sistemas integrados, um funcionário que não está qualificado para enfrentar esse dia a dia está fora desse mercado. “Assim como todo mundo que almejava uma carreira em escritório antigamente fazia curso de datilografia, hoje, quem quer trabalhar em supermercados tem que ver a computação como um curso obrigatóri o”, compara Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).



O que antes era um bico ou primeiro emprego e disponível para qualquer um tornou-se uma carreira disputada entre aqueles em dia com a tecnologia. Com a mudança, vieram requisitos e seleções. “O ensino médio completo é o mínimo. Em alguns cargos, procuramos profissionais com ensino superior. Com tanta modernidade, não posso contratar alguém tão cru. Por isso, fazemos uma pré-seleção”, ressalta Jorge Helou Filho, diretor comercial do Big Box.



Tem que estar atualizado com o software da empresa, ser dinâmico, ágil e acompanhar os treinamentos, que são muitos. “Houve uma mudança no perfil desse profissional. Muitos deles voltaram a estudar mesmo depois de 20 anos de casa”, observa Onofre Silva, vice-presidente da Associação de Supermercados de Brasília e diretor regional do Pão de Açúcar. Foi o que aconteceu com Francisco das Chagas Filho, gerente da loja da 308/309 sul.



Aos 58 anos, ele avalia que um curso superior em administração foi necessário para ficar acompanhar as tecnologias e mudanças de público. Em 45 anos de empresa, Francisco vivenciou desde a época em que as caixas registradoras funcionavam à manivela — na falta de energia elétrica — até a sistematização dos estoques, que deixou o achismo de lado. “A tecnologia era zero e hoje é infinita. Nunca parei de fazer cursos porque não podemos viver de passado e tenho que saber o que fazer com tudo que temos” , conta o gerente que, aos 13 anos, foi empacotador.



Tanta tecnologia não poderia vir sem consequências. Com o fim de um trabalho manual e braçal, as oportunidades para as mulheres foram aumentando nos supermercados. As pessoas de mais idade também não ficaram de fora porque, mesmo tendo menos acesso ou até interesse em relação às novidades, uma vez disponível, o grau de aprendizagem é o mesmo dos jovens. “E ainda que o varejo brasileiro tenha a característica de gerentes mais novos q ue os encarregados, há espaço para o grupo mais velho”, acredita Sussumu, da Abras.



Além disso, ao contrário do que se costuma pensar, o nível de emprego não caiu por uma possível substituição humana pelas máquinas. Para Jorge Helou, diretor do Big Box, o funcionário tem que dar continuidade ao que a tecnologia trouxe. Flávio Müller, consultor de Recursos Humanos, confirma. “Chegaram esteiras e sensores para a leitura óptica, mas continua-se precisando de alguém para manuseá-los”, defe nde. Só no ano passado, o ranking da Abras registrou 877 mil funcionários trabalhando no setor em todo o país, 10% a mais que em 2007.


E a demanda por tecnologia não para. A implantação de serviços 24 horas pede por mais câmeras de segurança, por exemplo. E, consequentemente, um empregado para acompanhar as filmagens. O contrário também acontece. Um site pode aumentar a divulgação da rede e trazer novos clientes. Novamente, mais funcionários são necessários para atender a demanda.

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