Esse foi o meu trabalho, resumo do Caderno Emprego e Formação Profissional (20/09/2009) do Correio Brasiliense.
Siga nesta viagem!
A princípio, o nome parece estranho. Mas a associação com o turismo logo esclarece o contexto que envolve o turismólogo. Às vezes de forma equivocada, é verdade. O curso surgiu em 1970 e ainda é possível encontrar pessoas que apostam na graduação porque acreditam que sempre estarão com as malas arrumadas, prontas para a próxima viagem.
Porém, ao contrário do que muitos pensam, a logística que envolve o setor vai muito além do lazer e do bem-estar do viajante. As atividades vão desde o planejamento até o receptivo e estão interligadas para que se chegue ao produto final do qual o turista irá usufruir “É preciso ter conhecimento técnico específico na área, línguas estrangeiras, cultura geral, sociedade e administração. Além de ser uma pessoa comunicativa”, avisa Luiz Gonzaga Godoi Trigo, professor de lazer e turismo da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do conselho da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo.
Tradicionalmente é comum encontrar o bacharel em agências e operadoras de viagem, companhias de transporte, hotéis ou restaurantes. Mas, hoje, o profissional circula também por outras áreas, como nas secretarias municipais, estaduais e em outros órgãos públicos, empresas de promoções e eventos e ONGs.
“Não é só organizar roteiros e eventos. É preciso pensar o turismo como atividade econômica. Isso não é só promover locais que já têm potencial turístico. Mas também criar atrativos nos demais, intervindo numa região, por exemplo, valorizando a história e a gastronomia”, explica Vinícius Lino Rodrigues de Jesus, coordenador do curso de turismo da Upis – Faculdades Integradas.
“Mercado livre
Ao longo das últimas três décadas, a demanda por turismólogos tem aumentado. Mas o reconhecimento da profissão ainda esbarra na falta de regulamentação. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou no último dia 2 o Projeto de Lei (PL) 6.906/02, do Senado, que reconhece a atividade. A proposta ainda vai retornar à Casa para análise, por ter recebido emendas da Câmara dos Deputados.
No Congresso de Turismo realizado em 1983, em Brasília, foi entregue uma solicitação da categoria a Ulisses Guimarães, presidente da Câmara dos Deputados, para que encaminhasse a aprovação do projeto de regulamentação. O projeto foi aprovado pelo Legislativo, mas vetado pelo então presidente da República João Batista Figueiredo. Vale lembrar que a única categoria regulamentada na área é a de guia de turismo (Lei 8.623/93, Decreto 946/93).
Reconhecimento a passos lentos
E quem pensa que vender um pacote turístico não exige planejamento por parte do prof issional, está muito enganado, adianta a turismóloga. “Mesmo que eu não atue na parte de gestão, coloco o conhecimento da graduação em prática. Trabalhamos com pacotes personalizados e temos que pensar qual o melhor roteiro e serviços para o cliente”, diz a turismóloga, formada há dois anos pela Upis – Faculdades Integradas.
A profissão, no entanto, está longe de ter sua devida importância reconhecida pelo setor turístico nacional. Alguns empreendimentos hoteleiros e as próprias agências não valorizam a formação acadêmica. Muitos profissionais são dirigidos aos setores de recepção e reserva de um hotel, por exemplo.
Mas que se as habilidades do profissional e suas funções correspondam aos ensinamentos adquiridos na graduação. “A formação é muito rica, mescla conhecimentos de geografia, história, administração, empreendedorismo, e estágios e saídas de campo aplicam conhecimentos na prática”, explica. A grade inclui ainda assuntos em voga, como ecologia, meio ambiente e responsabilidade social.